Tudo o que você sempre quis saber sobre escravidão mas não tinha pra quem perguntar

A Monarquia caiu por conta da Abolição?

Não. O povo em geral era contra a escravidão e até os grandes fazendeiros tinham medo de serem obrigados a dar uma indenização aos escravos. Um projeto que existiu por muito tempo exigia que os escravos recebessem de seus antigos donos um pedaço da fazenda e certo dinheiro para começar a vida, o que evidentemente não aconteceu. Também era sabido que logo acabaria a escravidão, pois eles se tornavam livres após os sessenta anos e os nascidos após 1871 eram livres. Os fazendeiros ficaram aliviados por não precisarem dar nada aos seus antigos escravizados.

Seria possível a indenização?

Politicamente não seria possível. A monarquia não pretendia fazer isso e a República começou com muitos fazendeiros que possuíram escravos em cargos muito altos. Porém, na época o que se dizia é que os donos que deveriam ser indenizados, pois o Governo tirou a propriedade deles.  Rui Barbosa queimou os registros dos escravos quando foi ministro da Fazenda, em 1891. Com isso se tornou impossível os escravos ou os donos receberem qualquer valor. Porém se perdeu também a oportunidade de se aprender muito da história do Brasil, sobre algumas doenças genéticas que podem existir entre negros brasileiros e africanos e quase todos os negros brasileiros não são capazes de dizer de que país seus antepassados vieram.

A escravidão sempre existiu?

Há registros de escravos em quase todas as sociedades. Os índios no Brasil possuíam, a sociedade europeia medieval também. No Egito Antigo havia escravos e cidadãos livres que serviam como servos temporários. Já na idade medieval, eles compravam escravos brancos europeus para serem soldados, os mamelucos. Os escravos na maior parte dos países geralmente eram pessoas com dívidas, os que o Estado tornava escravos por crimes e os que perdiam guerras. Foi com a venda dos judeus em 70, quando Jerusalém foi destruída, que Roma conseguiu verba para fazer o Coliseu. Durante séculos muçulmanos escravizaram cristãos e cristãos também outros povos. Por exemplo, uma mulher portuguesa do século XVI ao morrer tinha um escravo árabe, um chinês e um africano. Ainda em 1908 havia comércio de escravizados cristãos no Império Otomano sendo praticado abertamente. Como se vê, a escravidão não foi uma invenção portuguesa.

Os Africanos eram a favor!!!!!!!

A maior parte dos alunos entende que os europeus chegaram na África com muitas armas, dominou a região e fizeram de todos escravos. Mas, na verdade os africanos que escravizaram muitos do próprio povo e vendia para os europeus. Assim os estados ficavam cada vez mais fortes. Também eles possuíam escravos, especialmente náufragos do Mediterrâneo, como Miguel de Cervantes. A obra de literatura Robinson Crusoé mostra como era a situação. Ele foi feito escravo na África, foge com outro escravo e ao chegar em localidade cristã, vende o escravo como se fosse dele. Os europeus não possuíam tanta vantagem nas armas para conseguir dominar regiões grandes na África no século XV. Era muito mais fácil conseguir fazer trocas. Geralmente aconteciam por meio de tabaco e cachaça ou rum. 

Como era a viagem?

Os escravos eram acorrentados e assim iam até o porto mais próximo. No navio fezes e a urina eram feitas no mesmo local onde passavam a viagem, com o mínimo de espaço para aproveitar o espaço do navio. Os alimentos eram jogados uma ou duas vezes por dia, e eles que dividiam entre si. Era comum mortos ficarem dias sem serem retirados, porque a tripulação não entrava lá. Moribundos costumeiramente eram atirados ao mar para aliviar o peso do navio em tempestades. Há relatos de tubarões que passaram a seguir os navios com a esperança de receber comida fácil, mas não existe ainda absoluta certeza sobre esse ponto Os escravizados recebiam meio litro de água por dia em média. Os porões eram divididos em patamares de cerca de cinquenta centímetros de altura. Cerca de um oitavo morria na viagem, e um pouco mais do que isso antes de chegar no porto africano. Ao chegar no porto onde seria vendido, eram guardados para se recuperar da viagem e ficavam de quarentena para não passarem doenças aos vendedores. Depois eram besuntados com azeite de dendê para parecerem mais saudáveis na hora da compra e esconder machucados.


Navio negreiro, link da imagem aqui.
Como pode ver, o espaço da carga era maior do que o dos escravos.

Índios eram escravizados?

Sim, mas em menor escala porque ao contrário dos negros, eles não tinham muita imunidade a doenças, então morriam muito mais cedo. As primeiras missões jesuíticas incentivou muitos índios a serem cristãos e viverem juntos com os padres. E foram destruídas por paulistas, que foram conquistar justamente para fazer a tribo de escravos. Outras duas coisas fizeram menos índios serem escravizados, os portugueses se juntaram muito mais a eles por matrimônio no começo, já que em grande parte vieram para cá homens. Então muitos tinham já certo parentesco com os índios e precisavam deles para viverem na terra, pois estavam em muito maior número. E o terceiro motivo, a proibição tanto do papa, que os queria catequizados, como do Rei da Espanha, que permitiu que os índios tivessem armas tão boas quanto os portugueses.

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