E se a família real não voltasse para Portugal?


A maior contribuição da vinda da corte portuguesa para o Brasil foi a criação de um governo forte, que fez com que não tivéssemos as mesmas divisões que aconteceram na América Espanhola. Já em 1820 o Brasil era muito mais rico do que Portugal, com uma população muito maior e tida como um país de mais futuro do que Portugal. Dom João VI, rei conhecido muito mais por tomar banho apenas três vezes na vida e ter excesso de peso por comer frangos aos montes e colocar o restante nos bolsos, não viu opções quando veio ao Brasil nem quando partiu.

Sua ida para Portugal foi exigida pelos portugueses em 1820, na Revolução Liberal do Porto, que acabou com o absolutismo português. Oficialmente não havia nenhum motivo para a família ficar no Brasil desde 1815, porém o Rei gostava do Brasil. Querendo manter o reino português, o Rio de Janeiro se tornou capital do Reino de Portugal, Brasil e Algarves e foi esse mesmo desejo que fez Dom João voltar em 1820.  Havia duas opções quando os portugueses forçaram a volta de Dom João, uma guerra contra Portugal e abdicar do trono português.

Se houvesse uma guerra haveria grandes chances de o Brasil vencer. Dom João limpou os cofres do Banco do Brasil quando voltou para Portugal. A falta de verba para o governo brasileiro fez com que funcionários públicos tivessem o salário atrasado por dois meses. Em 1822 se gastava o dobro da arrecadação de impostos. Mesmo assim o Brasil venceu a Guerra da Independência, que duraram 21 meses. Ao contrário do que quase todos pensam a Independência não aconteceu pacificamente. Com base nisso, ele venceria a Guerra.

Dom João VI, antes de ser rei. Para quando sua mãe disser que você parece um príncipe

Caso Dom João decidisse abdicar do trono português, o Brasil já começaria com melhores condições financeiras, e provavelmente Carlota Joaquina conspiraria para ficar com o trono português junto com seu filho Dom Miguel. Com melhores condições financeiras não haveria a perda da província Cisplatina, que hoje é Uruguai (impressionante como a primeira coisa que a maioria pensa é que o Brasil teria dois títulos a mais de Copa do Mundo). Também não haveria o período da regência já que a perda de governabilidade de Dom Pedro I aconteceu por conta do seu relacionamento público com sua amante, algo que Dom João ou não permitiria ou não afeitaria tanto a opinião geral, já que Dom Pedro seria apenas um príncipe. Além disso, a abdicação de Dom Pedro I também aconteceu pela questão econômica e Cisplatina.

Oficialmente a Guerra do Paraguai começou por conta de uma invasão brasileira ao Uruguai. Sem a  perda do Uruguai não haveria invasão a outro país nem o medo paraguaio de uma invasão brasileira. Solano Lopez, presidente paraguaio, também acreditava que poderia conseguir o apoio argentino. O PIB brasileiro só passou o argentino em 1950. Com um país mais forte financeiramente seria mais evidente que a guerra seria um suicídio para Solano Lopez. O Brasil gastou o equivalente a onze anos do orçamento público do Império nos seis anos de guerra.

Bandeira Imperial do Brasil. Acha melhor que a atual?

A escravidão provavelmente não sofreria grandes diferenças cronológicas. Dom Pedro II tentou em muitas ocasiões a abolição, mas os parlamentares diziam ser uma vontade dele, não do povo.  O desejo público de abolição ficou mais forte na década de 1870. Não foi por conta dos escravos que o Império acabou.  Foi pelo cansaço de Dom Pedro II, que tinha grande apoio popular, mas se recusou a resistir à proclamação da república. O Marechal Deodoro da Fonseca quis retirar o primeiro ministro, que era um desafeto seu. O Exército ganhou muito poder com a Guerra do Paraguai, então teriam menos poder. Com o Primeiro Reinado durando mais tempo, com as revoluções do período da Regência e mais tempo para se preparar Dom Pedro II ainda seria o Imperador cansado de 1889? E se fosse, sem o poder dos militares, o Império continuaria até quando?

A existência do reinado por mais tempo permitiria que o País tivesse mais possibilidades de progredir financeiramente. Já estamos na quinta república, após o Café-com-Leite, Era Vargas, Populista, Militar e Nova República, todas as mudanças ocorridas por conta dos militares. O receio de golpes e contragolpes quase sempre existiu no Brasil e com militares mais fracos teríamos menos esse medo. Quanto mais estável politicamente um país, mais há investimentos em negócios do governo e do próprio povo. Ou você construiria uma empresa ou uma casa em um país em guerra civil? Porém é impossível dizer se ainda seríamos um Império. A constituição imperial era muito avançada para a época e o Brasil progrediu muito no governo de Dom Pedro II, mas não se sabe como seriam os próximos governantes. Se o Império permanecesse, o parlamentarismo certamente viria, já que surgiu em quase todas as monarquias. Caso não durasse, assim como acabou também em Portugal, ao menos teríamos mais anos sem crises políticas tão fortes. 

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