E se Dom João não tivesse vindo ao Brasil?
Países menores, como na América espanhola
Tentativas de divisão enquanto Dom João ainda era rei. Foi na Revolução Pernambucana em 1817. Uma segunda revolução com objetivo de divisão aconteceu na Confederação do Equador, em 1825. Houve a Guerra de
Independência contra Bahia, Piauí, Maranhão e Pará, que na época incluía também
Amapá. Amazonas e Roraima também tiveram suas revoltas, além da mais conhecida, a Revolução Farroupilha,
que ocorreu no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Todas essa tentativa de separação
não foram bem sucedidas por conta de um governo central forte. Sem a Corte Portuguesa vindo para o Brasil, não haveria meios de manter o país do tamanho que ficou depois.
Independência mais cedo
Todos os outros países da América Latina ficaram
independentes antes do Brasil, com exceção do Uruguai, que se separou do
próprio Brasil. A vinda do imperador uniu mais o Brasil e trouxe uma
prosperidade econômica relativamente rápida ao país, pois incentivou comércios
e indústrias que antes eram até proibidas de existirem. A oportunidade de independência que países
como Colômbia e Argentina tanto esperavam não foi tão desejável aos
brasileiros, que já se viam como sede do governo português, com capital no Rio
de Janeiro, não em Lisboa. O fato de ser Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves reforçava essa ideia. Porém, a diferença não seria de muitos anos, sequer chegaria a quinze.
Menor relevância
Com estados menores, PIB menor e população menor. Não
haveria rivalidade com a Argentina, que provavelmente seria disparado o maior
PIB da região, e também no futebol haveria seleções piores, ou seja, nada de
penta. Se o assento na comissão de segurança da ONU ainda é um sonho, nesse caso
sequer se ventilaria a possibilidade de isso um dia ocorrer. Culturalmente também a visão seria bem menor. Nossa culinária seria diferente, com a comida de cada região sendo estrangeira. Os brasileiros não teriam que explicar aos estrangeiros que não vamos de cipó para o trabalho e não vemos sucuris todos os dias na rua, como muitos filmes nos mostram. Não pensariam que a Floresta Amazônica chega até o Rio de Janeiro.
Não haveria motivo para haver rei, até porque nenhum outro
país da América independente teve um rei, exceto México mas por motivos
difíceis de serem explicados rapidamente. Não haveria a proclamação de 15 de
novembro (ou revolução? ou golpe? Um novo post responderá). Talvez houvesse
ditadura, mas com certeza não um rei. Apesar disso, provavelmente Pelé ainda seria o Rei do Futebol e o Roberto Carlos continuaria sendo o Rei. As histórias da Disney falam de princesa em um país que sempre foi republicano.
Escravidão
Não foi por conta de Dom João que a escravidão durou tanto
tempo. Dom Pedro I e II também permitiram escravos, apesar de José Bonifácio
ser contra. Os Estados Unidos, menos agrários que o Brasil permitia também. Provavelmente
continuaria até por mais tempo do que continuou, pois se buscaria a opinião da
maioria dos eleitores para definir a data da abolição. Porém, a região Nordeste
aboliria antes do Sudeste, que dependia de escravos na lavoura de café. Como de fato aconteceu. A primeira província a proibir a escravidão foi o Ceará. Após a proibição de trazer escravos da África o comércio entre as províncias ficou fortíssimo. O fluxo principal era do Nordeste para o Sudeste.
Imigração
Com uma população pequena e uma grande extensão territorial
com certeza seria necessário a vinda de estrangeiros para aumentar a população.
Ocorreria quando houvesse uma melhoria da qualidade de vida no Brasil. A
Argentina recebeu proporcionalmente muito mais estrangeiros do que o Brasil.
Com vários países, cada um teria sua própria política para os atrair, mas assim
como há estados com mais e menos estrangeiros hoje, também haveria essa grande
diferenciação, até mais evidente. O que é garantido é que poucas mudanças aconteceriam com os ex-escravizados. Europeus que chegavam no Brasil em muitos casos ganharam terras, sementes e animais. Os que saíram da senzala não tiveram nenhum auxílio.
Não há consenso entre em quantos e em quais países o Brasil
seria dividido. As opiniões de historiadores falam mais entre três e quatro.
Rio Grande do Sul e Santa Catarina com a República
Farroupilha;
São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Espírito Santos e Minas Gerais e Rio de Janeiro
com o Brasil;
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará,
como confederação do Equador;
Pará e Amazonas, como Grão- Pará
Como deve ter notado, não aparecem alguns estados. Paraná
foi criado por uma punição por São Paulo ter participado da Revolução liberal
de 1842. Amapá , Rondônia e Roraima por conta de Getúlio Vargas ter apoiado a
Segunda Guerra Mundial e querer aumentar a vigilância nas fronteiras. Tocantins
pela guerrilha do Araguaia. Alagoas e Sergipe por conta de revoluções na época
da independência do Brasil e o Distrito Federal para fazer com que o interior
do Brasil se desenvolvesse mais. Tudo isso seria impossível sem a vinda de Dom
Pedro ao Brasil. E, o Acre não era parte do Brasil, sendo comprado depois da Bolívia. O nacionalismo brasileiro não existiria na Amazônia, não haveria um exército forte para lidar com a região como ocorreu na ocasião e o dinheiro do ciclo da Borracha não seria tão atraente aos nordestinos , que de fato foram os que mais foram à região trabalhar nas seringueiras.
Já Maranhão e Piauí são dois estados que são mais difíceis
de definir, apesar de usualmente se manifestar a ideia de que Maranhão faria parte do Grão Pará e
Piauí da Confederação do Equador. Porém, outras mudanças mais profundas poderiam acontecer. O que impediria o Uruguai de se unir à República Farroupilha? Muitos estancieiros tinham terras e gado dos dois lados da fronteira, mudando conforme houvesse mais vantagens para eles. E o Grão-Pará seria ignorado pelos venezuelanos? Como vê, um país completamente diferente se aquela viagem nunca tivesse acontecido.
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