A doença mais mortal que já houve: A gripe espanhola


Jovens ficam de cama de manhã e morrem a tarde. Pilhas de corpos ficam nas ruas e cemitérios enchem. Mortos trasportados para outro estado. Isso foi a gripe espanhola. A doença fazia pessoas sangrarem pelos olhos e ouvidos. Ficavam azuis pela falta de oxigênio. De modo parecido com a AIDS, não é exatamente o vírus que matava, mas a reação do sistema imunológico. A AIDS o enfraquece. A gripe espanhola causava uma reação violenta que inflamava pulmões e fazia o corpo se autodestruir. Quanto mais forte a imunidade, mais letal a doença. O que explica porque as vítimas não eram idosos, crianças e quem já teve estava com a imunidade baixa, como é o caso do coronavírus. A rapidez da doença era impressionante e o fato de matar mais jovens.

A epidemia começou em 4 de março de 1918, em um acampamento militar no Kansas, EUA. Em duas semanas mais de mil militares foram para hospitais e a doença se espalhou pelos Estados Unidos e logo para a Europa. A guerra ajudou muito a transmissão da doença. Sem ela os soldados permaneceriam em treinamento. A Primeira Guerra Mundial matou cerca de 8 milhões de pessoas no front de batalha, em 4 anos. Entre 50 e 100 milhões morreram, entre 1918 e 1920 pela gripe.

Em 2 meses já havia 8 milhões de infectados .No Brasil a epidemia veio através de marujos que atracaram em Dacar, Senegal. Foram fechados cinemas, bares, cabarés e escolas. Partidas esportivas foram proibidas.A Copa América foi adiada. 65% dos cariocas ficaram doentes mesmo assim, com 14 mil mortos. Entre eles, Rodrigues Alves, presidente eleito em 1918. Apenas a Ilha de Santa Helena escapou da pandemia.

O ponto vermelho é Santa Helena Fonte: Mar sem fim.

Foi chamada de gripe espanhola porque a Espanha era neutra na guerra e não escondia notícias sobre a doença. O rei chegou a ficar doente e oito milhões de infectados eram uma notícia impressionante. Os envolvidos na Grande Guerra, como era chamada na época a Primeira Guerra Mundial, não queriam nada que pudesse desanimar as tropas. Estima-se que metade da população mundial chegou a ficar doente. Se ainda hoje é difícil saber o total de infectados pelo coronavírus, que dirá há 100 anos, quando muitas pessoas sequer conheciam médicos e cartórios.

Em média, a cada 11 anos há uma nova mutação da gripe. Em 2009 foi a gripe suína com 600 mil mortos. Também em média a cada 30 anos temos uma grande epidemia. A gripe é altamente adaptável. Pode se combinar com outros tipos de vírus e criar novas variações de si mesma, inclusive com gripes animais e humanas se misturando. A gripe espanhola veio do H1NI1, como a suína e também veio de porcos. Porém havia três subtipos, o que facilitava a propagação da doença e dificultava a cura. A pandemia acabou em 1920 porque os sobreviventes passaram a ter imunidade ao vírus.  A taxa de letalidade era de cerca de 8%. Pouco comparado aos 50% da ebola, mas seu contágio era muito mais fácil. A gripe espanhola se espalhava pelo ar. Matou mais em dois anos do que 40 anos de AIDS. Também foi mais letal que a Peste Negra.

Fonte: A voz Regional

Podemos ter uma pandemia como essa hoje? Temos melhores meios de evitar casos assim e até de curar. Antibióticos, mais conhecimento científico e meios de comunicação mais velozes. Porém a propagação tende a ser ainda mais rápida, por conta das viagens internacionais serem muito mais populares e rápidas hoje. Se em 1918 a transmissão da doença sempre foi através dos portos, hoje vem principalmente pelos aviões. A sobrevivência ao coronavírus é de 97%. A OMS acredita que 75% das pessoas podem ser contaminadas e 150 milhões de pessoas morrerem. As medidas tomadas devem impedir que o coronavírus seja tão ruim quanto a gripe espanhola. O candidato mais forte é a varíola. Foi erradicada no fim da década de 70. Os humanos são o único transmissor e há uma única espécie. Mas laboratórios russos e americanos mantém uma amostra por precaução contra um atentado terrorista. Uma guerra biológica pode acontecer. Ou o aquecimento global pode descongelar um infectado e a doença voltar. A mortalidade era de 30%.

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