Como o Brasil deixou de ser um país indígena?


Quase todos os livros de história fala que os europeus venceram os índios em suas guerras por conta do poder militar. Arcabuzes, bestas, cavalos, canhões e pólvora. Mas as guerras foram vencidas por três motivos: Vírus, diplomacia e propaganda.

DOENÇAS EUROPEIAS

Vírus vem do latim e significa veneno. Além de não terem ferro e armas os índios não tinham anticorpos. Tuberculose, sarampo e varíola vieram das vacas, o que não existia na América. O longo contato com elas tornou europeus mais resistentes a isso. A varíola matou cerca de 300 milhões de pessoas no século XX. Essas doenças novas matava especialmente os índios mais próximos aos europeus. Ainda não se sabia o motivo e a princípio até os europeus se incomodaram muito com isso. Porém, a longo prazo foi bem utilizado em guerras, onde até se lançava nas Américas corpos de mortos com varíola nas tribos e em alguns casos deram cobertas infectadas aos indígenas. Estima-se que 70% dos astecas morreram de varíola. Também foi o motivo principal da extinção dos Goytacazes.

ALIANÇAS MILITARES

As tribos do Brasil e as do México estava constantemente em guerras. No Brasil elas eram sagradas e tinham como um dos objetivos obterem inimigos para o ritual antropofágico. No México havia os Astecas no topo da sociedade e muitas tribos pagando tributos a eles, inclusive com sacrifícios humanos. O coração deles era arrancado com eles ainda vivos. Depois os sacrificados eram comidos e sua pele vestida por sacerdotes. Como deve imaginar, chegar um povo oferecendo apoio para essas guerras seria uma oferta irrecusável para os nativos. Alianças militares foram feitas rapidamente, e em muitos casos desfeitas assim que possível. Mas, foi com a ajuda dos tupiniquins que os portugueses venceram os tupinambás, aliados dos franceses. E a maior parte do exército dos bandeirantes era formado por índios, sendo uma delas com dois mil deles, além de 900 mamelucos e menos de 100 brancos. Uma tribo indígena auxiliou na guerra contra outra. Dividir para conquistar é uma estratégia de guerra muito comum. O filme O Homem Que Queria Ser Rei mostra como o militarismo nativo foi bem utilizado, apesar de acontecer em outro contexto. Parece estranho, mas imaginemos que marcianos viessem para a Terra e oferecem aos americanos meios de eliminar todo o "Eixo do Mal" deles. Acha que recusariam?

MARKETING, TORNAR O QUE QUER UMA NECESSIDADE 

Os índios gostavam do modo de vida português. Criar vacas em vez de caçar antas era fantástico. Não precisava mais subir nas palmeiras, agora poderiam derrubar. Machados e facas facilitaram muito sua vida. Poderiam ter ovos em casa, em vez de buscar nos ninhos. Não passavam mais fome sem a caça. Receberam manga, banana, coco,  Havia também o fascínio pelas pessoas novas, com muitos casamentos mistos. Para algumas tribos o cavalo se tornou o melhor amigo do homem. O cachorro se tornou o companheiro de caça indígena. Em mais da metade das aldeias não existe sequer uma oca. A preferência por casas é evidente. E 57% dos índios nas reservas falam o idioma original, contra 75% do português. Fora das reservas, apenas 12% usam o idioma nativo.

Fonte: Jornal do Senado

Então, os índios sumiram do Brasil? Não se pode negar que muitos foram escravizados e outros morreram por ataques violentos de europeus e seus descendentes. Mas, no geral, os índios ainda estão presentes no Brasil. Porém, em menor quantidade que em outros países da América. Os portugueses se misturavam em casamentos, ingleses, franceses e espanhóis não. Além disso, recebemos muitos estrangeiros. Estima-se em um milhão o total de índios que viviam quando Cabral chegou. Em 2010 eram 900 mil. Diminuiu. Mas e se analisarmos os mestiços? O número então passa de 15,2 milhões. Esse número não vem do nada. É da proporção genética indígena média do brasileiro. Um terço dos que se consideram brancos no Brasil tem ascendência indígena. Além disso, há muitos povos isolados não catalogados e outros que não se consideram índios.

Como comprovação de que muito do indígena ainda está presente no brasileiro, temos vários exemplos. O hábito de banho diário ou até mais do que isso, o chimarrão ou tererê, dormir em redes, churrascos, tapioca.... Em toda a história colonial do Brasil se falou sobre índios entre a população geral, o que mostra que não houve o genocídio que se afirma. Outro ponto é que um quarto dos índios no Amazonas mora nas cidades e metade deles não se considera indígena, apesar de falar um segundo idioma. Talvez falte mais as pessoas se considerarem índios com o mesmo orgulho que se consideram italianos, japoneses ou alemães. Porém é uma questão que levará mais tempo a ser resolvida. Livros de história  afirmam que os escravos africanos vieram porque os índios são preguiçosos e os tratam como vítimas dos europeus. Essa construção histórica é muito danosa e vista apenas por um ponto de vista bem deslocado da realidade.

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