Como era a vida antes da internet: Enviando documentos; fax, telex e teletipo

O aparelho de fax foi onipresente em escritórios há vinte anos, mas a maioria dos que tem menos de vinte anos não sabem exatamente o que eles fazem. Ele enviava cópias de documentos, inclusive de modo colorido. Tinha grandes vantagens para a época. Era instantâneo, algo parecido com as mensagens de celular e e-mail de hoje, o que evitava o uso de correios e entregadores e uma grande economia de tempo e dinheiro, especialmente para noticiários e repartições públicas.

Aparelho de fax. Fonte: Techtudo

Ainda existem muitas vantagens no fax. Eles são muito mais seguros que os e-mails. Apesar de ser possível hackear, o risco é muito menor e a dificuldade muito maior. Invadir uma conta de e-mail permite que se conecte com muitas outras pessoas e se consegue dados em muitos locais diferentes, especialmente se o dono do e-mail usa sempre a mesma senha. Falando de modo simples, se utilizar a mesma senha nas redes sociais, banco e intranet do local de trabalho, pode ser feito uma fraude muito grande. Se conseguir hackear um fax pode simplesmente enviar uma imagem nova. Por conta dessas vantagens estima-se que 45 milhões de faxes ainda hoje são ativos e em todos os escritórios dos Estados Unidos e Japão se utiliza o aparelho, além de 40% dos japoneses em suas residências. A Sony, o FBI e todos os médicos dos EUA só enviam dados confidenciais pessoalmente ou por fax.

O aparelho de fax foi inventado em 1843, 33 anos antes do telefone. Já que o fax é mais antigo que o telefone, o que ele imprimia antes? Telegramas. Mensagens eram enviadas por fios com sinais de zero e um também, o que até facilitava o serviço do fax. Provavelmente já viu em algum filme ou desenho o recebimento de uma mensagem assim, onde se ouvia o que estava tocando com seus sinais longos e curtos de barulho e logo se fazia a transcrição para o idioma falado lá.

O aparelho de fax basicamente é scanner, modem e impressora em um só. Converte o documento para sinais digitais, o mesmo serviço da scanner. Envia para a linha telefônica de outro fax, como o modem. Este segundo fax imprime a cópia. Essa é a explicação mais básica e simples. O primeiro passo acontece porque o aparelho converte os dados da imagem em 0 e 1, sendo que 0 é onde não passa luz e 1 onde há sinal de luz. Assim há a cópia em preto e branco. Para cópias coloridas há muitos outros sinais envolvidos, mas segue-se esse princípio. Depois, no modem, o sinal é convertido em pulsos elétricos. Se chamam pulsos porque como a pulsação humana dura apenas um período, não é como o valor contínuo da tensão de uma bateria. Os sinais zero tem a frequência de 800 Hertz e brancos de 1300. São sons diferentes quando se ouve o barulho da linha telefônica. O fax que recebe o documento faz o sinal oposto.

A impressão pode acontecer em papel térmico ou sulfite comum. O térmico era vendido em bobinas bem fininhas e ainda é utilizado em caixas eletrônicos. O papel já vem com "tinta", sendo ativado com o calor. Mais barata a impressão, mas também a imagem dura menos tempo, ainda mais se colocar em locais que recebam luz e calor. Já o sulfite usa a impressão que estamos acostumados a ver em impressoras comuns.

Telegramas depois passaram a ser enviados por teletipos, que utilizavam a mesma fiação, mas já eram recebidos de forma escrita. Uma pessoa digitava a mensagem em uma máquina de escrever e outra máquina reproduzia exatamente igual o que era recebido. Isso fazia com que a máquina escrevesse sozinha, uma cena que deve ter deixado muitos assustados quando viram isso a primeira vez. Máquina à esquerda e abaixo.

Outra tecnologia de comunicação que os mais jovens não conhecem é o telex. Diferentemente do teletipo e do fax, ele não só reproduzia mensagens como também permitia que fossem recebidas autenticação gerada pelo próprio aparelho. Ele usava linhas telefônicas, mas não havia comunicação entre telefones e telex. Máquina a direita acima.

Imagens da Wikipedia, quando não citada outra fonte.