Carnaval: Como chegamos a ele


O Carnaval tem vários tipos de comemorações ao redor do mundo. No Brasil são mais conhecidos os os blocos de rua e o de escolas de samba com desfile de carros alegóricos, este inventado por Getúlio Vargas. Outras comemorações são parecidas e são considerados carnaval também. As primeiras comemorações no Brasil foram pelo entrudo, que já era famoso em 1640, com escravos pintados de branco com farinha e jogando água nos outros. O entrudo eram os bonecões de madeira, que são mais comuns hoje em Olinda.

Carnaval provavelmente vem do nome em latim carne vale, adeus carne. Os católicos deveriam passar 40 dias sem comer carne, por conta da quaresma. Mas a festa é muito mais antiga, havendo registro deles no Egito e Grécia. No Egito homenageavam a Deus Ísis e o touro Apis. A deusa era levada para a praia para abençoar o tempo de velejamento em carros em forma de navios, carrum navalis em latim, outra sugestão de origem para o nome carnaval. Junto havia procissão de mascarados. Quando Alexandre, o Grande, conquistou o Egito levou a festa à Grécia, para Dionísio. Na Grécia também havia o Deus Momo, de onde vem o Rei Momo. Ele era o Deus da dos escritores e poetas e a personificação da zombaria. Foi quem sugeriu a criação de Helena de Troia, para que as nações guerreassem e se destruíssem e com isso a terra ficasse mais leve, em sentido literal. Sempre é representado com uma máscara.

Momo. Quem mais acha parecido com a Arlequina?

Os romanos depois fizeram seus bacanais, saturnálias e festividades a Pã. Os escravos eram liberados na Saturnália e um rei coroado. Bacanais eram festas ao deus Baco, com orgias e bebedeiras  e as festas de Pã aconteciam em fevereiro. Os germânicos também tinham suas festividades. Procissão com pessoas disfarçadas de animais e homens vestidos de mulheres e grande satisfação de desejos sexuais. Em alemão a festa tem o nome de Fasching, que vem de fasen, falar bobagens. As festividades continuaram conforme a Igreja Católica foi ganhando poder, apesar de tentarem acabar com a festa no Primeiro Concílio de Niceia, em 325.

A data do carnaval é de 46 dias antes da Páscoa, com os seis dias da semana santa e os quarenta da quaresma, chegando até a quarta feira de cinzas. Na Idade Média chegava a durar dois meses, praticamente todo o período entre o Natal e a Quaresma. São Isidoro de Sevilha se queixava do  paganismo e licenciosidade absurda que havia na festa, perto do ano 800. Mas, em 590 já era uma festividade oficial papal, graças à Gregório XVI. Como de uma maneira ou de outra as festas aconteceriam, a Igreja decidiu criar uma divisão entre o período sagrado e o carnal.

A luta entre o Carnaval e a Quaresma. Pieter Brugel

O carnaval era considerado um período de inversão. Na Páscoa Jesus morre e ressuscita, com a paixão sendo menos importante, no Carnaval o Rei Momo era coroado e um boneco é queimado no fim do carnaval. Algo que também acontecia no fim das saturnálias, apesar desse costume não ocorrer no Brasil. Porém, ele recebe a chave da cidade, dando a ideia de ser ele quem governa, não o prefeito. As moças beijavam rapazes sem serem comprometidas com eles, numa época em que raramente noivos se tocavam antes do casamento. Reis e nobres eram ridicularizados e havia muita comida disponível, incluindo a rara carne. Após o carnaval era proibido o sexo mesmo entre os casados, mas durante ele havia desfile de mulheres nuas, mesmo na Idade Média. As máscaras permitiam que qualquer pessoa se fizesse o que quisesse sem que pudesse ser julgada por isso, tendo muitos casos de nobres se envolvendo com plebeus durante essa ocasião.

Nessa ocasião também havia uma ridicularização de judeus. Em 1466 o Papa Paulo II fez judeus correrem pelados e depois de comer muito, o que dificultava a atividade, em Roma. Rabinos eram forçados a andar com roupas ridículas. Em 1836 pediram pra Gregório XVI um tratamento melhor, que se recusou a mudar as tradições. Se durante o resto do ano se deveria honrar alguns judeus (os que estão na Bíblia) no carnaval a inversão. Ainda hoje o adultério é base para divórcio em todo o ano na Alemanha. Mas no mês do carnaval o adultério é justificável.

Carnaval na Alemanha

O carnaval então vem de festividades a deuses pagãos e festivais de expulsão do inverno. Passou depois a ser a separação entre a fase carnal e sagrada dos católicos. Durante a maior parte da sua história foi um período em que a ordem natural das coisas não aconteciam. No Brasil do século XIX as pessoas passaram a atirar serpentinas e confetes, o que incomoda bem menos. Parte das cidades eram fechadas para que não incomodasse outros, o que permitiu a criação de blocos. E Getúlio Vargas criou o desfile com notas para fortalecer a unidade nacional. E assim chegamos ao Carnaval de hoje.

Qual a diferença entre os vários tipos de samba?

Imagens da Wikipedia.

Comentários

  1. É... nunca gostei de carnaval e agora gosto menos ainda. É uma festa muita podre. Excelente artigo.

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