Segregação

No Brasil ainda se vê muitos casos de racismo. Porém, em outros países a situação é ainda pior. Por exemplo, no Brasil nunca se imaginou a ideia de segregação, com uma escola para brancos e uma para negros. Mas, por muito tempo isso foi lei nos Estados Unidos e na África do Sul. Há uma situação parecida em Israel, com locais para judeus e outro para árabes. Mas, por que aqui no Brasil existe uma mistura de povos, enquanto nos Estados Unidos há separação entre eles?

Portugueses eram dos povos europeus da época o mais tolerante. Aceitavam bem pessoas de outros locais por um motivo bem simples, eles tinham uma população muito pequena. Não tinham meios de ocupar uma terra como o Brasil. Então, os poucos que vieram pra cá se misturaram aos da terra, pois sabiam que era impossível ganhar em guerras dos índios que havia aqui. As estimativas variam entre um e cinco milhões. A população de Portugal era de cerca de um milhão e cem mil. 

Os portugueses foram dominados por muitos anos pelos árabes, e tinham também uma grande população de judeus. Os dois foram expulsos poucos anos antes da descoberta do Brasil. Apesar disso vemos que havia uma grande miscigenação em Portugal. A Inglaterra, teve sua última grande leva de estrangeiros em cerca de 1100, com a Conquista Normandia, com Guilherme, o Conquistador. 

Os ingleses que se mudaram para os EUA foram com suas famílias, o que diminuiu muito o interesse de casamento entre eles e os índios, Por muito tempo era até proibido. Eles acreditavam que eram o povo escolhido para possuir aquela terra por motivos religiosos. Além disso, não se esforçaram em enviar missionários para os índios. No Brasil sempre houve interesse em incluir os indígenas na sociedade, especialmente por conta dos padres jesuítas. E, para serem aceitos, eles precisavam fazer muito menos do que os índios americanos, de quem se exigia saber a língua inglesa e viver a fé protestante sendo praticante. Por conta disso, é praticamente impossível alguém do século XVII nascido no Brasil não ser parcialmente mestiço de índio. 

Com relação aos negros e brancos, no Brasil houve muito mais compra de escravos vindos da África do que nascidos aqui. Nos Estados Unidos a escravidão se manteve muito mais pela reprodução dos escravos. Em grande parte por conta a grande distância para as viagens do navio causou essa diferença. Então sempre houve maior segregação também com negros lá. Já no Brasil, apesar de termos em grande parte a ideia de que escravos trabalhavam em grandes fazendas, a maioria vivia em propriedades pequenas. Há muitos relatos de casos em que eles comiam na mesma mesa que seus patrões. E, muito mais casos em que um rapaz se apaixona por uma escrava e se casa com ela. Ou, casos em que um patrão se envolve com uma escrava mesmo sendo casado. De novo, culturas diferentes.

Sala de espera para pessoas "coloridas", de 1940.
Fonte da imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Segregação_racial_nos_Estados_Unidos#/media/File:1943_Colored_Waiting_Room_Sign.jpg

E sobre os estrangeiros? O Brasil é um país coletivista, com a ideia de que todos temos que nos ajudar e que é bem hospitaleiro, por gostar de estranhos (uma grande influência indígena). Os EUA tem como sonho americano aquele que chega sem nada e fica milionário pelo esforço próprio, sem ajuda de ninguém. Quem chega lá tem mais dificuldade em fazer amizades, usualmente procurando os da sua região de origem. E, já que há separações entre grupos bem antigos, não há base para ser diferente nesse caso. Isso explica porque até descendentes de estrangeiros lá aprendem a falar a língua do país de origem de seus pais, muitas vezes com sotaque de estrangeiro em inglês, e não comem a mesma comida que os americanos e, muitas vezes não consomem os mesmos produtos que os americanos. Os negros americanos falam um inglês diferente dos brancos. E, ainda hoje o pentágono, sede do Departamento de Defesa americano tem duas vezes mais banheiros do que o usual, pela lei que impedia que brancos usassem o mesmo banheiro que índios, negros e mestiços. Em algumas coisas o Brasil tem bastante a ensinar aos Estados Unidos.