Como o Brasil seria se não tivesse acontecido a ditadura?


O coronel aposentado Jair Bolsanaro assiste na TV Tupi, que nunca perdeu sua liderança, o processo da CPI contra o presidente que pode fazer com que a oposição tome o poder, já que o vice é da outra chapa. O sociólogo Fernando Henrique Cardoso expões as vantagens reforma da previdência e das leis trabalhistas. O deputado Luis Inácio Lula da Silva é contra, tirar a estabilidade do serviço privado aumentaria a dependência dos empregos públicos. Na Record, seu dono Sílvio Santos, fala sobre o incentivo governamental para a mudança pra Amazônia, com terras gratuitas, desde que se mantenha as reservas ambientais e façam o desenvolvimento sustentável.

Segundo o livro Como as nações prosperam, uma das grandes vantagens dos Estados Unidos é o fato de que apesar de guerras, sempre houve transição pacífica de governo. O Brasil já teve a República Velha, o governo provisório de Getúlio Vargas, a ditadura do Estado Novo, a República Populista, a Ditadura e agora estamos na República Nova. Vinte anos a mais de democracia fariam muita diferença em nossas vidas? Com certeza.

Uma das funções do Ministério Público é investigar o governo. Porém é uma função nova, durante a ditadura era função dos delegados. Como um delegado pode abrir um processo contra um governador sendo que é extremamente fácil para ele conseguir sua demissão numa fase sem concursos públicos?Sem a ditadura teríamos hoje menor distanciamento do Estado e mais percepção da corrupção, o que faria com que mais pessoas se sentissem protegidas e menos impunes, já que até ele foram presos!!!

Também haveria menos obras faraônicas, como Itaipu ou a Transamazônica. Há pesquisas afirmando que se fossem feitas pequenas centrais hidrelétricas o custo e a manutenção seriam menores e mais eficientes na comparação com a criação de Itaipu. O Plano militar de ocupar o Oeste não existiria já que ocorreu por conta da Guerrilha do Araguaia, que aproveitou a pouca presença do governo para tentar imitar o que Fidel Castro fez na Revolução Cubana. Também não teríamos o Estado do Tocantins, criado para minimizar o problema da falta do Estado no norte goiano.

A hiperinflação brasileira foi o único caso sem a existência de guerra. Foi causado justamente por conta do aumento da dívida externa, afinal o Brasil precisava dos empréstimos estrangeiros para fazer suas grandes obras. Como o Mineirão, segundo maior estádio do mundo na época, que fez com que vários outros estados tivessem um elefante branco pra chamar de seu. Afinal, pra que um estádio de mais de 130 mil se nunca houve 10 jogos com mais de 110 mil, além de jamais a média de ocupação jamais ultrapassou 50%? A média de público nos primeiros 27 anos foi de cerca de 16 mil. Outra coisa que não teríamos, uma nova constituição. Tivemos sempre que mudou o governo, quando viramos república, governo provisório e ditaduras. Não haveria porquê haver uma nova. Porém evidentemente leis mudariam, afinal é isso que os deputados e senadores fazem (sabiam disso?)

João Goulart, o Jango, foi tirado do poder por conta de algumas questões. Ele pretendia fazer algumas reformas e sua natureza muito conciliadora fez com que não fizesse nenhuma imposição de suas vontades. A ideia da reforma tributária, diminuindo o valor que as multinacionais poderiam enviar,  fez com que os Estados Unidos se oferecessem para apoiar o golpe. Brizola sugeriu resistir, mas isso causaria uma guerra civil e não é possível saber os rumos disso. Até quando os Estados Unidos apoiariam? Haveria divisão como a Coreia? Longa guerra como no Vietnã? Narcotráfico dominando territórios como na Colômbia? Ou vitória de Jango? Brizola tinha o apoio de parte do exército, além de ter o governo com seu poder econômico. Qualquer final é possível. Jango errou na sua condução das forças armadas, deixando um clima de anarquia, o que motivou os militares a irem contra ele. Perdeu o apoio dos trabalhadores por não ter dado meios de diminuir a inflação. Goulart não tinha apoio dos governadores, preocupados em ver quem seria o próximo presidente e divididos com a questão da reforma agrária. Resumindo, perdeu o apoio de todos.

Jango pretendia fazer a  reforma agrária, paga com títulos da dívida pública. Porém os partidos fortes da época se dividiram com a questão de como seria feita a indenização aos donos antigos. Valor de mercado em dinheiro, em títulos públicos ou indenização alguma? Se fosse resolvido o ponto haveria menos êxodo rural e o Sudeste não teria tanta migração de outros estados. As cidades médias progrediriam mais cedo e o eixo Rio-São Paulo seria mais fraco. Porém, o que ocorreria com os novos donos de terras. Viveriam na subsistência, prosperariam e fariam cooperativas ou venderiam de volta aos antigos donos? Os antigos latifundiários investiriam em suas fazendas menores e esse progresso científico seria logo repassado? A pesquisa agropecuária no Brasil é de vanguarda e o aumento de rendimento das terras é progressivo, mas talvez não fosse igual com mais divisão de terras.
Itamar Franco, Lula, FHC e Sarney, alguns que perderiam poder sem a ditadura
Fonte de imagem: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2010/11/lula-empregos-fhc-itamar-collor-sarney.html

Fernando Henrique Cardoso e Lula ganharam muito poder no final da ditadura. FHC provavelmente seguiria como sociólogo, já que não haveria a hiperinflação para dar sua fama para depois ser presidente nem as Diretas Já. Lula porém teria muito menos voz política num meio em que sindicatos já tivessem grande poder e greves não seriam proibidas, mas ainda seria facilmente deputado, algo que Bolsonaro, que a princípio teve muitos votos das chamadas viúvas da ditadura não teria. Até 1966 havia a estabilidade após dez anos na mesma empresa. O 10º aniversário era a última chance de demitir o funcionário, pagando dez salários de indenização. O FGTS foi uma alternativa, permitindo demitir a qualquer momento, com um salário por ano trabalhado de auxílio. Até 1988 não era necessário concurso para empregos públicos.

A Globo recebeu dinheiro estrangeiro em sua criação, o que era ilegal, e foi julgada em uma CPI. Porém foi arquivado. Sem o apoio militar perderiam a concessão. A Tupi perdeu apoio e faliu em 1980, virando SBT. Sílvio Santos provavelmente teria sua própria televisão, mas não a Tupi. Provavelmente a Record, que foi de Paulo Machado de Carvalho mas hoje é de Edir Macedo. Sílvio Santos já foi sócio dela. Uma outra mudança cultural também aconteceria. Havia grande esforço para aumentar muito os investimentos no ensino na época, o que é só ocorreu muitos anos depois no Brasil. Com isso já teríamos uma economia muito melhor, além de talvez até termos vencedores do Prêmio Nobel e mais cinemas e livrarias. Os músicos de sucesso da época seriam os mesmos, apenas escreveriam sobre outros temas.

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